Bipolarmente nua - e preguiçosamente sem talento.
Ela procura, revirando papéis velhos dentro de gavetas pré-construídas, seus ansiolíticos. Quarta-feira à noite de um dia repleto de visitas, desilusões e tomadas bruscas de decisões.
" - O tipo de dia que só se suporta de maneira minimamente tolerável com doses significativas de ansiolíticos."
Um copo d'água. Um comprimido rosa. Uma pílula branca.
"- Será necessário mais um ou meio comprimido rosa? ... Melhor esperar... "
E o que lhe salva são os pensamentos mórbidos. Eles sempre lhe salvaram. Desde que proibida de auto-infligir dor, mergulha adentro a interminável banheira, inundada por sangue velho e placenta.
A água de um gelado mórbido, mas suportável. Primeiro as pontinhas dos dedos dos pés, depois os tornozelos, e assim vai, lentamente, até ter todo seu corpo submerso. E ali dentro vê-se envolta por acidentes de carros, abortos espontâneos - ou espontaneamente provocados de formas nada moralmente aceitas, tentativas de suicídio, sirene de ambulância, lágrimas, desespero e uma dose considerável de agonia.
Dorme.
Ao acordar senta-se no canto do quarto, entre uma porta de armário e uma parede a formarem um perfeito ângulo de 90 graus, e ali fica.
Ali sente-se bem, aliviada, quase plena ainda que consciente de que o que lhe aflige é a interminável falta daquilo que parece estar num constante "prestes a mover-lhe"- sem que nunca o conclua.
Abraçada por uma porta de armário e uma parede fria, chora. Compulsivamente. Choro desesperado, sufocante, solitário. Chora até sentir-se livre. Nova. Semi recuperada da anormalidade mental.
Então senta na cama. Procura jornal, agenda, caderno, caneta e telefone. E calmamente anota as informações prestadas pela secretária. Metodicamente elabora cálculos, esquematiza horários, verifica benefícios e prejuízos advindos da posterior tomada de atitude. Escreve tudo de forma quase religiosa em sua agenda amarela, em letras pequenas e caligrafia de professora de primário. Em questão de quinze minutos tudo está diferente mais uma vez.
Olha para o relógio: 18 horas e 47m. Decide tomar um banho antes de sair. Uma chuveirada. Bem forte.
insects and angels - astra zero
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Aproveitando o momento Placebo...
"I was never faithful
And I was never one to trust
Borderlining schizo
And guaranteed to cause a fuss
I was never loyal
Except to my own pleasure zone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home
I was never faithful
And I was never one to trust
Borderline bipolar
Forever biting on your nuts
I was never grateful
That's why I spend my days alone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home (Broken home)
Black-eyed [repeat]
I was never faithful
And I was never one to trust
Borderlining schizo
And guaranteed to cause a fuss
I was never loyal
Except to my own pleasure zone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home (Broken home)
Black-eyed [repeat]
P.S. E eu sei que o texto acima ficou um amontoado de fezes, mas sabe, confesso: tive profunda preguiça de terminá-lo, então fiz a coisa mais adolescente possível: tirei da manga uma metáfora óbvia e xinfrim e terminei-o abruptamente.
Vergonhoso. Paulo Coelho perde. Mas há como esquecer que sou humana? Não. Então, que fique de prova só para eventuais dias de ego literário por demais inflamado.
1 Comments:
essa musica acaba comigo. aliás, ultimamente o que mais me acontece é me identificar com as musicas mais diversas.
o melhor e o pior de mim, cantado pelos outros.
mas enfim..
essa coisa de bipolaridade, tão típica de nos, drama queens, passa. (e volta também, mas o importante é que passa)
=***
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