"Crazy ( in love? ) - Lunatic Mix" - Beyonce ft Jay-Z
nota ao leitor: texto melhor compreendido ao som de "Crazy In Love" - de Beyoncé Knowles featuring Jay-Z.
"Pãm PamrampãparamPÃM. PamrampãparamPÃM.
PamrampãparamPÃM. PamrampãparamPÃM.
PamrampãparamPÃM. PamrampãparamPÃM."
Beyoncé: "Are you ready?"
Mariana: " Não, definitivamente não estou. Mas dada a minha constante capacidade de mutabilidade e adaptação até mesmo à atmosfera mais árida e destrutiva, ok. E além do mais... Nesse estágio de total imprevisibilidade quanto ao que há por vir e conseqüente impotência, só me resta dizer: Ok, go!"
Mariana entra no ônibus. Rumo à Praia do Flamengo.
Vai tomar sua dose de sadismo elucidativo e necessário semanal. Ela precisa.
( "E há alguém que NÃO precise?" - questiona-se. "Porque até o mais miserável dos seres humanos, aquele do qual só me resta ter um mínimo socialmente conveniente e educado de pena, até mesmo ele, consegue se superar em algum ponto da sua miserabilidade - nem que seja no ponto referente às severas doenças mentais - e sim, normalmente é exatamente nesse ponto - que faz com que mereça um bom e estalado tabefe na cara." )
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh...
( telefone toca )
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh…
( número desconhecido. "Será que pode ser ele desmarcando a consulta?" )
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh...
( resolve atender, muito embora seja pós-graduada em filtrar ligações - conhecidas ou desconhecidas. )
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh...
( voz familiar razoavelmente desfigurada por ruídos estranhos emitidos pelo próprio locutor. Algo como: " nhénhénhérrrrrgggttuhhfddrtgbbhyhjbnbvcffghbbnhhdoorkut." - fungo intenso - a pessoa em questão chorava histericamente.
A despeito do comentário "doorkut" que não parecia fazer o menor significado auditivo e lógico no meio daqueles ruídos amontoados que a remetiam a uma cena de assassinato. Daquelas. Bem baratas de filme de "terror" contemporâneo: em que a pessoa, enqüanto está tendo sua casa invadida , arruma algum tempo para num arroubo de insanidade, ao invés de dar umas belas porradas no assassino - normalmente mascarado ou alguma criança japonesa dos infernos que sofre de excesso de elementos capilares, venham estes da cabeça ou de dentro da sua boca - excessos capilares que Mariana acredita serem resultado de uma mal realizada escova progressiva, cuja conseqüência foi a morte da criança que volta do Além para assombrar pessoas com cabelos lisos - Mariana tem até mesmo um projeto de um curta a respeito da "Escova Progressiva Assassina" - Mariana pensa demais, muitas vezes em coisas de menos - mas ao invés de partir para a agressão física justa e necessária com o assassino em potencial, não, resolve ligar para alguém por pura necessidade de chamar-lhe a atenção e burrice. Dependendo da pessoa, acredita ela, que dadas as circunstâncias e o tempo, ligaria para todos os seus contatos do celular, ao invés de fugir ou simplesmente atacar o filho-da-mãe. Estaria isso mais de acordo com a conveniência mental do potencial assassinado.
Mas enfim, o resultado lógico do telefonema desesperado associado aos grunhidos histéricos foi:
"_ Puta que pariu! Alguma amiga minha deve estar em perigo! Provavelmente acabou de ser estuprada, ou teve a casa violentamente assaltada, ou qualquer coisa trágica e invasiva desse gênero." E pensou isso seriamente porque o desespero realmente parecia real e avassalador.
Decidiu resolver o problema por partes:
"Hã?!" - porque oras, não havia entendido.
"( funga. funga. funga mais uma vez. trêmula. ) nhénhénhérrrrrgggttuhhfddrtgbbhyhjbnbvcffghbbnhh DO ORKUT."
( "Do Orkut? Foi isso que entendi? Do Orkut? )
"Hã?!"
"nhénhénhérrrrrgggttuhhfddrtgbbhyhjbnbvcffghbbnhh DO ORKUT."
("_ Ok... Do Orkut. Até onde eu saiba ainda não é possível se realizar assassinatos via web, em especial, via Orkut. A menos que se trate de exclusão social - o que não deixa se ser conexo à morte, mas esse foi um processo já visto antes com o advento do fotolog e que por isso mesmo... - não estou lá muito interessada." )
Sabia do que se tratava. Uma total besteira virtual envolvendo furto, apropriação indevida e o conseqüente surto.
Mariana havia sido roubada. Nada de mais. Nada de novo. Mas algo de não tolerado.
O poema preferido. O auto-biográfico.
Mariana não tem sangue de barata. E não suporta injustiças.
Então... Delicadamente... Deu no autor do furto ( ou seria apropriação indevida? Ainda não se decidiu. Bem, possivelmente o último, já que foi Mariana mesmo quem apresentou o poema-alma para a outra. ) um tapa com luvas de pelica em forma de scrap.
( E nesse momento, eu, autora do texto infâme, tenho que intervir. Porque odeio internet! E escrevo num blog! Odeio internet! E escrevo, assim como Mariana, scraps! Odeio internet! E por saber do feito virtual de Mariana não tenho como ignorá-lo. Como autora, sei que poderia fantasiar... Alterar os fatos - o que faço até bem constantemente - escrever ao invés de "do Orkut", "O scrap", falar da carta enviada em papel bege e grosso que esqueci o nome agora, selada com cera e carimbo, com a ajuda de uma vela e cera dura vermelho sangue, no meio de uma madrugada da poética Mariana. Porque Mariana é poética. Mas às vezes falta-lhe saco. )
Não tinha feito nada demais. Não reclamou pela autoria do poema, até porque, ( apesar de louca, como bem disse o sádico, era extremamente lúcida. De uma lucidez desconcertante e ácida. ) ...
O poema não era seu. Não o tinha escrito. E AINDA não detinha os direitos autorais sobre ele. Mas detinha sim, dentro de uma gama bem diminuta de pessoas, na qual a autora da apropriação indevida e atual vítima de um derrame cerebral dos mais escandalosos possíveis ( Maria Callas perde. ) estava contida. Sabia que o poema "era dela". Sua alma impressa nas palavras da outra. Suas nuances, sinuosidades. Seus segredos. E pegar assim, um segredo do outro e colocar como seu... Para Mariana esse é o mais abominável dos crimes!
"_ É roubo de alma! Ou tentativa de... Porque minh'alma não cabe por inteiro na cama de ninguém, então se contenta com isso, com as migalhas que jogo displicentemente - por burrice minha, admito. E um que de narcicismo - no chão. Mas saiba duas coisas: que me afeiçôo pelas minhas migalhas de alma, e lutarei por elas; e segundo, que o roubo nunca será absoluto. Já disse: não cabe!"
Cristina mentalmente:
"I like to stare so deep in your eyes
I touch on you more and more every time
When you leave I’m begging you not to go
Call your name two three times maybe four
Such a funny thing for me to try to explain
How I’m feeling and my pride is the one to blame
Cause I know I don’t understand just how your love can do what no one else can."
"-Hã?!"
"-"nhénhénhérrrrrgggttuhhfddrtgbbhyhjbnbvcffghbbnhh DO ORKUT." - e mais lágrimas, e mais fungadas, e mais doses letais de histerismo.
"- Olha eu não estou entendo nada, Cristina. Não consigo entender o que você está falando. Toma um copo d'água, ( mentalmente: "muito embora, se eu tivesse paciência, tempo e possibilidade física eu te daria uns tabefes na cara. Não por puro sadismo. Mas porque tabefe na cara é o antídoto mais renomado em termos de solução de ataques de histeria." ) e me liga mais tarde ( mentalmente: "pqp! tomara que não ligue, porque que não estou com o menor saco. Mas por mais fama de filha da puta e escrota que eu tenha - por vezes merecida - eu simplesmente não tenho como ser tão vil com um ser humano no auge de um ataque histérico. É questão de humanidade, e sim, por mais que eu não queira, ainda sou dotada desta. Mal congênito.").
"-Ok. Beijo. Tchau."
"-Ok. Beijo. Tchau."
Cristina mentalmente:
"When I talk to my friends so quietly
We be thinking, look at what you did to me
Tennis shoes don’t even need to buy a new dress
If you aint there aint no body else to impress
The way that you know what you oughta knew
That’s the beat that my heart skips when I’m with you
But I still don’t understand how love your love can do what no one else can"
Clímax do histerismo, entende?
Já Mariana:
"Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh…
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh…
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh...
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh..."
Oh-oh - de problema.
Oh-oh - de pessoa indesejada que reaparece no ICQ.
Oh-oh - de discussões indesejadas.
Oh-oh - de estupefação diante de tanto histerismo.
O ônibus segue... Ainda rumo ao Flamengo.
Vamos tentar não perder o eixo aqui.
Mariana sabia que suas linhas haviam sido escrotas. De uma escrotidão daquelas, das piores. Disfarçada de carinho. Passivo-agressiva, onde o passivo é menos por drama e mais por dissimulação. Porque não seria capaz de ser mal-educada em público. Tão somente, escrota.
Mas a escrotidão dirigida a era indubitavelmente merecida. Fez por onde, meu bem. E Mariana sempre avisa que é óóóóóótimaaaaaaaaa com que gosta, mas não pise nos seus calos, porque Mariana sabe ser pééééssimaaaaaaaaa. Não é ameaça, é puro fato.
Tem vontade de parafrasear Bette Davis ( foi ela que disse isso? ) : "Quando eu sou boa, sou ótima. Mas quando sou má, sou melhor ainda."
Mas a frase já está em franca decadência. Muito clichê e demodé. ( Em especial após ter sido usada, soube ela via jornal, por uma atriz de quinta numa novela de uma rede de televisão evangélica ). E apesar de Mariana odiar computadores e adorar cartas lacradas com cera vermelha derretida, ela ainda se engalfinha com o por demais gasto e antigo. Mas apenas se fôr por demais.
Pensou ter causado mal à menina. E o pior... Não sabe bem porque, acreditava que Cristina pensava que a maldade tivesse sido feita por outra pessoa. E o ataque era resultado da sensibilidade diante da maldade de outrem. "- Que merda. Porque fui eu mesma. E eu não sou de, e nem vou, me furtar à sinceridade para com e às conseqüências do meu ato. ... Vai ser chato isso..."
Rumo ao Flamengo.
"pípípí" - sms no celular
"Oi, sou eu. Muito linda a declaração que você fez de que somos almas gêmeas, etc e tal. Fiquei emocionada. Chorei muito. Mas gostei... Depois nos falamos, então. Beijos, Cristina."
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh…
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh…
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh...
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh...
(risos. HISTÉRICOS ).
Tinha duas opções: acreditar na sinceridade da mensagem e admitir a absoluta loucura inconsciente com a qual lidava OU admitir que ela também era esperta, e utilizou-se - como já havia previsto - da menor manifestação da sua parte ( de Mariana ) , por pior que fosse, para recriar um vínculo entre as duas. Fazendo-se de sonsa para obter o desejado.
Mariana fica com a segunda opção. Um, porque não é boba. Dois, porque para ter sido sua amiga há tanto tempo, aí tem...
E enfim, deve admitir que só viu a "apropriação indébita" por realmente ter sentido saudades. Admite: é humana. Tem saudades. Não a quer para si, mas não deixa de lhe querer... Bem.
Vínculo deficientemente recriado. Vida segue... Ônibus pára.
Mariana salta.
Percorre o jardim até a gaiola espelhada.
Ruídos de patos, folhas secas e crianças...
E a música a ecoar no fundo, vindo lá da dita conexão mental com Cristina, que lhe diz entre lágrimas de falsa felicidade e real sensação de ter sido pega desprevenida e acusada da sua loucura tão esforçadamente ( mal ) disfarçada...
"Got me looking so crazy right now
your loves got my looking so crazy right now
Got me looking so crazy right now
your touch got me looking so crazy right now
Got me hoping you’d page me right now
your kiss got me hoping you’d save me right now
Looking so crazy your loves got me looking got me looking so crazy your love..."
Porque Beyoncé prova toda minha teoria de que é possível ser filósofa e gostosa.
Beyoncé é sábia.
Somos todos loucos. Sorte dos que têm consciência disso e tentam manter a própria loucura sob constante observação e monitoramento.
Mariana finalmente adentra, às gargalhadas, o consultório do seu psiquiatra...
"_ ( risos ) Então... Nem te conto... Todo mundo é LOU-CO! LOUCO!
Ah... Mas ok, disso você já sabia... Na verdade, é essa a premissa que valida todo o dinheiro que você tira de mim."
( sorrisos )
"_ Mas então... Deixa eu te contar..."
Pãm PamrampãparamPÃM. PamrampãparamPÃM.
PamrampãparamPÃM. PamrampãparamPÃM.
PamrampãparamPÃM. PamrampãparamPÃM.
Looking so crazy your loves got me looking got me looking so crazy your love.
Oh-oh oh-oh oh-oh oh-oh…
............................................................................................................................
E eu sabia, que mais tempo, menos tempo, eu ia ter que esculhambar com esse blog.
2 Comments:
Vou prestar mais atenção na praia do Flamengo : )
Mariana, qualquer dia desses, vai olhar pela janela do ônibus, vai sorrir para mim e vai descer. E começará outra história.
T.P.
É, Beyonce eu não tinha mas estava ouvindo Namnambulu (por acaso existe nome pior para uma banda?) e a música se chamava Alone, concidencia? Não sei...
Você sabe o que eu quero, não vou desistir.
Te adoro.
:*
Postar um comentário
<< Home