7.06.2007

Porque a poesia está no olhar e não no discurso.

No meio de uma e outra garfada entediada de pedacinhos de mamão acondicionados em um Tupperware azul claro durante pleno expediente de trabalho, eu decido ser menos poética.

Eu decido ser menos poética porque não quero mais depender de arroubos pretensiosos de pseudo-intectualismo para poder me dar ao trabalho de escrever alguma coisa.

Decido ser menos poética porque os textos que atualmente mais me divertem e emocionam são crônicas a respeito de um cotidiano tão pouco explorado mas extremamente comum e exatamente por conta disso, humano.

Decido ser menos poética porque estou cansada de escrever coisas que niguém entende e cansada da minha atitude em permanecer escrevendo dentro desse meu código morse interno dando uma de gatinha misteriosa e inatingível.

Decido ser menos poética porque poesia é muito bonita e rica em detalhes, mas sinceramente, por vezes me cansa pelo excesso.

E finalmente, decido ser menos poética porque por mais poesia que exista no dia-a-dia, a maior parte do meu dia é feita de garfadas de mamão, café e balas Juquinhas, e não há nada de errado em falar a respeito disso.

Então... Cansei de me fingir de musa.