5.29.2007

Porque descobri sermos feitas de líquido que vaza mas não se esvai


Foi necessário que eu adentrasse o abandono do cômodo repleto de folhas de papel amareladas espalhadas pelo chão.

Foi necessário ouvir o cric-créc-crac dos passos apressados sobre folhas secas banhadas em lágrimas e líquido purulento visceral.



Foi necessário que o alarme tocasse alto, em meio a risadas, colocações magistralmente pontuais, referências transpirando por todos os poros, um chá verde, um chá de substâncias amnésticas e um suco de morango porque de goiaba não tinha.


Foi necessário um esbarrão e três encontros.

Para que se percebesse que ainda há vida e muita vontade.
Que ainda existe algo a escorrer pernas abaixo.