8.20.2007

Minutos de Sabedoria


"E se eu preenchesse esse vazio incômodo que eu sinto dentro do peito com 450 mL de silicone?"
- eu mesma em toda minha maturidade, sabedoria e percepção -





8.08.2007

O sol empoeirado do final de tarde não queima, mas dói.


"At the end of the day" by Timothy Neesam

É tão inevitável que em momentos de solidão extrema nos perguntemos o eterno será. Aquele que nos guia em direção a um lugar comum mas menos solitário. O será que nos abre portas para uma realidade de sala de espera de dentista. Inóspita. Insípida. Imóvel. Estéril. Mas contanto que haja um sofá e mais alguém a ocupar o assento ao lado do seu, tudo parece estranhamente tranqüilo.
Eu não tenho uma sala de espera de dentista onde eu possa esperar despreocupadamente enqüanto folheio páginas que se desfazem em um segundo por alguém que examine meus dentes. Eu bem queria que alguém examinasse meus dentes. Menos até. Eu queria que alguém me examinasse dentro da boca. Porque eu não sei mais se ainda tenho dentes.
Eu tenho sim um quarto vazio. Um quarto vazio e uma cadeira. De couro vermelho velho. Aliás. De couro velho que um dia foi vermelho vivo mas após o desgaste do tempo e os maus tratos de nem sabe mais quem e muito menos quantos e também de quê importa?, hoje é vermelho velho. Quase morto.
No meu quarto vazio, sentada na minha cadeira de couro ex-vermelho vivo hoje vermelho-velho, eu constato. Constato a mais completa e irrelevante ausência de espelhos. O que falta em verdade é vontade. Ausência essa relevante e insuportável.
Desconheço motivos. Desconheço soluções plausíveis.
Gostaria que a simplicidade de um adeus pudesse me trazer de volta um travesseiro que fosse. Para poder sonhar. Ou quem sabe uma caixinha de músicas? Para poder sentir. Mas eu não comporto tamanha simplicidade nesse momento. Eu, aliás não comporto nada. Eu comporto no máximo um vazio agudinho no centro da barriga, um vazio agudinho que faz um chiado fiiiiiiiiino de chaleira de chá distante a ferver.
Se ao menos não me ocorresse o pensamento de que não há previsão de melhora.
E onde diabos está o João Paulo Cuenca nessas horas?!
É, eu perdi os dentes.